Streptococcus agalactiae : avaliação da patogenicidade "in vivo" e eficácia da vacina experimental em tilápia do Nilo (Oreochromis niloticus)

A piscicultura e atualmente um dos segmentos da produção animal que mais cresce no Brasil e com enorme potencial de expansão. Entre as espécies de peixes cultivados, a tilápia do Nilo (Oreochromis niloticus) e uma das mais importantes, e no estado do Paraná ocupa a primeira posição. O cultivo intensivo de peixes, dependendo da qualidade da água, alimentação e manejo, tornam os peixes mais susceptíveis as doenças. Entre as infecções de origem bacteriana, a causada por Streptococcus agalactiae e a de maior repercussão econômica em tilapias cultivadas em regiões de águas quentes. Para minimizar os impactos da estreptococose em cultivos intensivos de peixes, diferentes tipos de vacinas estreptococicas, com ou sem adição de extrato de produtos extracelulares ou adjuvantes, vem sendo estudadas. Os objetivos deste trabalho foram verificar a taxa de mortalidade, sinais clínicos e lesões macroscópicas em tilapias inoculadas experimentalmente com diferentes concentrações de S. agalactiae e avaliar a eficácia da vacina inativada de S. agalactiae para tilápia do Nilo (Oreochromis niloticus). Para o preparo das inoculações experimentais e da vacina de células inativadas, foi utilizado S. agalactiae isolado de tilapias naturalmente infectadas. Para a determinação da taxa de mortalidade os peixes foram inoculados pela via intraperitoneal (i.p) com doses infectantes variando de 1,0 x 106 a 1,5 x 108UFC/peixe, em três períodos diferentes. Para a eficácia da vacina, dois grupos de peixes, com peso aproximado de 20g, foram inoculados com 0,1 mL (2,0 x 108UFC/mL) por via i.p. Um grupo (Tratamento 1) foi vacinado com uma dose e o outro (Tratamento 2) com duas, com intervalo de 21 dias. O grupo controle foi inoculado por via i.p. com 0,1 mL de “Tryptic Soy Broth”. Os peixes foram desafiados, 30 dias apos a aplicação da vacina, com a cepa homologa de S. agalactiae, 0,1 mL (3 x 106UFC/peixe) por via i.p. e monitorados durante 16 dias. Nos peixes inoculados com diferentes doses infectantes de S. agalactiae, os sinais clínicos observados foram anorexia, letargia, natação errática, exoftalmia e ascite. As lesões macroscópicas foram hemorragia na pele, esplenomegalia, hepatomegalia com palidez do órgão e aderências viscerais. As taxas de mortalidade nos grupos inoculados variaram de 67,5 a 90,0%. S. agalactiae foi re-isolado em todos os peixes inoculados experimentalmente. Houve diferença estatisticamente significativa (p=0,0045) entre os coeficientes de mortalidade dos peixes vacinados com uma e duas doses da vacina e a porcentagem relativa da sobrevivência (RPS) foi de 83,6% e de 96,4%, respectivamente. Os resultados mostram que o S. agalactiae isolado de tilapias naturalmente infectadas reproduziu a doença em condições experimentais e os peixes vacinados com uma e duas doses da vacina apresentaram proteção eficaz ao desafio experimental.Aquaculture is one of the most developing areas in animal production in Brazil. Nile tilapia (Oreochromis niloticus) now constitutes the most important fish farmed in Paraná. Because of bad water quality, feeding and handling conditions, fish are very susceptible to infectious diseases in intensive farming systems. Streptococcus agalactiae has proven to be the main cause of infection in tilapia farmed in hot water regions. Different streptococcus vaccine types, with or without adding ECP or adjuvant were experimentally researched. The objectives of this work were to evaluate mortality rate, clinical signs and macroscopic lesions in Nile tilapia (Oreochromis niloticus) inoculated experimentally with different concentrations of S. agalactiae and evaluate the efficacy of S. agalactiae inactivated vaccine for Nile tilapia (Oreochromis niloticus). The experimental doses and cells inactivated vaccine were prepared with a S. agalactiae strain isolated from naturally infected fish (UEL 12). In order to determine the mortality rate the fish were inoculated with concentrat ions ranging f rom 6.0 x 106 to 1,5 x 108CFU/fish, in three different periods. To evaluate vaccine efficacy, two fish groups, average weight of 20g, were inoculated with 0,1 mL (2.0 x 108CFU/mL) by intraperitoneal injection. A group of fish (Treatment 1) received one dose of the vaccine and the other (Treatment 2) was given two doses 21 days apart. The unvaccinated control was inoculated with 0.1 mL of "Tryptic Soy Broth" by intraperitoneal injection. The fish were challenged 30 days after the vaccination with a homologous strain of S. agalactiae with 0.1 mL (3.0 x 106CFU/fish) by intraperitoneal injection and monitored for 16 days. The following clinical signs were observed in fish inoculated with different concentrations: anorexia, lethargy, erratic swimming, exophthalmia and abdominal distension. The macroscopic lesions were skin hemorrhage, splenomegaly, hepatomegaly with paleness in this organ and abdominal adherence. The mortality rates in experimental groups varied from 67, 5 to 90,0%. S. agalactiae was re-isolated in all analyzed fish. There was significant difference (p=0,0045) between Treatments 1 and 2 concerning mortality rates, and the relative survival percentage (RPS) was of 83,6% and 96,4%, respectively. The results showed that S. agalactiae isolated from naturally infected tilapia reproduced the disease in experimental conditions and vaccinated fish with one and two doses showed efficient protection against experimental challenge